07 março 2010

MEC define esta semana se nova edição do Enem será realizada em abril

O ministro da Educação, Fernando Haddad, prometeu que esta semana definirá se uma nova edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será realizada este semestre, embora a possibilidade de que a avaliação aconteça nos próximos meses seja remota. Vestibulandos, professores, diretores de escolas e pais dos estudantes estão ansiosos para saber isso. Em meio à dúvida, uma certeza: a próxima avaliação, seja em abril (como estava inicialmente prevista) ou no segundo semestre (como sempre ocorreu) carece de ajustes essenciais para evitar as dezenas de atropelos que marcaram o exame realizado ano passado.

A tentativa de substituir o velho modelo de vestibular por uma maneira mais justa de ingresso no ensino superior mostrou-se confusa do começo ao fim. Os feras foram surpreendidos pelas mudanças anunciadas tardiamente, quase na metade do ano letivo. Agora, vivem novamente a angústia da falta de informação. Para piorar, a instituição pública mais concorrida do Estado, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), também não decidiu ainda se manterá o Enem como substituto da primeira fase do vestibular. Os feras têm pressa. Com o início do ano letivo, amanhã, espera-se que o reitor Amaro Lins chame rapidamente o conselho universitário para discutir o assunto.

Para a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o posicionamento do MEC será importante para que se estabeleça quando acontecerá o preenchimento das vagas do segundo semestre, já que no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) só foram disponibilizadas as opções da primeira entrada. “Não acredito que o MEC fará uma edição do Enem este semestre. Mas estamos tranquilos pois haverá uma nova chamada do Sisu para a segunda entrada”, afirma o reitor da Rural, Valmar Correa de Andrade. Ele e outros reitores de todo o Brasil participaram, semana passada, de uma reunião em Brasília com a secretária de educação superior, Maria Paula Dallari Bucci. “Pelo que foi conversado lá, o MEC deverá realizar o Enem em novembro.”

CRÍTICAS - Indecisões à parte, os feras que participaram do Enem em dezembro têm na ponta da língua uma extensa lista de críticas e várias sugestões de mudanças. “Devem diminuir a quantidade de questões ou aumentar o tempo das provas. Nos dois dias, não consegui terminar os testes. Os enunciados estavam longos e as provas, cansativas. Na de matemática, por exemplo, deixei 15 quesitos sem resposta”, diz Renata Soares, 18 anos, que tenta direito na UFPE pela segunda vez. “Confundiram avaliação com seleção. O MEC tem que rever o conteúdo das provas, caso haja um novo Enem este semestre, para que haja tempo de nos prepararmos”, observa Carolina Guerra, 18, há quatro anos na disputa por uma vaga em medicina.

Maior rigor na aplicação das provas foi outro item ressaltado pelos vestibulandos. É preciso preparar melhor os fiscais para que cumpram as regras do exame e não permitam, como ocorreu em mais de um local de provas, que candidato atenda o celular ou que fique com o aparelho durante a avaliação. A credibilidade do exame também precisa ser resgatada com mais rigor na organização. Além do vazamento de uma das provas, a divulgação de gabaritos errados abalou os ânimos dos estudantes.

Espera-se que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem, cumpra na próxima avaliação a promessa de divulgar a calibração das questões. Foi dito que os estudantes saberiam, após o exame, o nível de dificuldade de cada quesito (fácil, mediano e difícil). Também não se justifica porque, até agora, passados três meses das provas, o Inep não divulgou a abstenção por Estado. O Enem que aconteceu em janeiro, exclusivamente para os presos e candidatos de duas cidades do Espírito Santo (em dezembro tiveram problema com a chuva), ainda não foi disponibilizado.

Em relação ao Sisu, a preocupação é que as universidades se deparem com aumento dos índices de evasão. Como houve mais chance de ingressar em um curso superior, muitos estudantes se matricularam em graduações que não têm certeza de que vão cursar. Joana Reis, 19, inicia amanhã o curso de ciência da computação na Rural. Mas seu sonho é ser médica. “Vou começar o curso, mas continuarei nos cursinhos. Depois de dois anos tentando vestibular, estou animada com a ideia de estar na universidade”, comenta.

Fonte:
Jconline